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"Flores Mortais", de Giulia Moon

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Kaori estava gostando daquilo. Descobrira uma criatura singular! Tão alto e pálido, possuía os cílios mais longos que já tinha visto. Isso, mais a delicadeza dos traços fisionômicos, conferiam a Luar uma estranha beleza, ao mesmo tempo masculina e feminina, Máscara sobre máscara. Uma incógnita.
A paulistana Giulia Moon começou a escrever contos sobre vampiros em 2000 e os publicava em sites e blogs. Seu primeiro livro físico de contos, Luar de vampiros, foi publicado em 2003. Em seguida, vieram, em 2004, Vampiros no espelho & outros seres obscuros e, em 2006, A dama morcega, ambos publicados pela Landy Editora, já extinta. Participou de outras antologias como Território V e Amor Vampiro, e neste último surgiu sua personagem mais famosa, a vampira oriental Kaori, que ganhou outros três livros solo.

Flores Mortaistraz uma compilação de contos publicados nesses livros anteriores, que já estão esgotados e são raridades hoje em dia, assim como algumas partes inéditas desses contos antigos e um novo, A exótica dama oriental e o inesperado luar, em parceria com o autor Kizzy Ysatis, criador do personagem Luar. Explicações técnicas dadas, já posso começar a dar gritinhos e pulinhos de leitora tiete.

LUAR E KAORI, KAORI E LUAR! Me tremo toda só de lembrar! Dois dos meus vampiros favoritos em TODA A LITERATURA MUNDIAL juntos!!! É muita emoção pra um fã! Fizeram a maldade suprema de colocar este conto no final do livro, o que fez eu me roer de ansiedade e ler o livro todo em duas noites! Mas não foi só o encontro explosivo desses dois que tirou meu sono.

Todos os contos são incríveis. Não é surpresa para mim que Giulia Moon é uma contista de mão cheia, que escreve maravilhosamente bem. O conto Maya me cativou e me fez ir dormir às 3h30 da manhã para terminar as aventuras da vampira Maya e de seu fiel mordomo humano Stephen em Nova York. Sim, deixou um gosto de quero mais indescritível! O outro conto maior, A dama morcega, me surpreendeu ao apresentar um personagem baseado em um famoso escritor brasileiro do início do século passado (nem adianta que não vou dizer quem é... u.u). Até mesmo o conto As vampiras de Kenshin, que foi o que menos gostei, me seduziu e intrigou, por trazer uma protagonista muito parecida com uma outra personagem da literatura clássica nacional (as características físicas e o nome da personagem já entregam, se você for um leitor de clássicos nacionais. Também não vou dizer quem é. Procure no Google e depois LEIA O LIVRO). O conto Dragões tatuados eu já conhecia, e foi ótimo relembrar Kaori e Samuel na antologia Amor vampiro, uma aquisição de Bienais passadas. E, no final, a cereja no bolo, com Kaori encontrando o vampiro Luar na São Paulo do início do século 20.

Agora, os pontos negativos. Apenas dois, na verdade. O primeiro diz respeito a um personagem que sugere-se que tenha morrido em uma das partes de Maya e que reaparece depois, no final. Mas talvez eu tenha entendido mal e ele não tenha realmente morrido, ainda mais por se tratar de um vampiro... O segundo diz respeito a um errinho besta no último conto. Logo no início é dito que era noite do dia 13 de junho de 1913, dia de Santo Antônio, na qual as moças fazem promessas e simpatias para arranjar marido, os frades do mosteiro distribuem o pãozinho sagrado e festas juninas pipocavam pela cidade. Depois, é dito que era noite de Sexta-Feira Santa. Ora, não há Sexta-Feira Santa em junho, a não ser que eu esteja errada. Isso me confundiu durante a leitura, me fez parar, voltar, analisar e ficar encafifada. Mas não roubou de forma alguma o brilho do conto e do encontro dos meus dois vampiros favoritos.

A segunda parte do encontro (ai, meu coração...) está na novela Perfume para Kaori, presente no livro Eterno Castigo, do Kizzy Ysatis, que conta o segundo encontro dos personagens, desta vez em meados da década de 1950. Ambos foram comprinhas obrigatórias da Bienal, e devem ser lidos assim, um após o outro, até porque você não vai ficar se roendo de curiosidade pra ler mais um encontro de Kaori e Luar, não é mesmo? Difícil vai ser não pular todos os contos anteriores e passar direto pra novela no final!



Minha classificação para esse livro é de  5/6- "Excelente".
Veja a cotação do livro no SKOOB e a opinião de outros leitores.

Flores Mortais. Moon, Giulia. Giz Editorial, 2014, 224 p. 







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