Quando iniciei a leitura de A Última Chance, eu não imaginava que iria me emocionar e me identificar tanto com os personagens. A princípio, a história criada por Karen Kingsbury lembrou bastante os romances do Nicholas Sparks, entretanto, conforme fui avançando na leitura ficou claro que a autora tem uma característica própria de escrever e conquistar seus leitores.
Ellen é uma garota de apenas quinze anos, mas que passará por provações e dificuldades que adolescente nenhuma deveria passar. Ela mora com os pais, estuda em um colégio que adora, mas principalmente, tem o melhor amigo do mundo - Nolan, também seu primeiro amor. Eles são inseparáveis e sabem tudo a respeito do outro, não precisam de palavras para se entender, apenas um olhar. Por isso, Nolan tem a certeza de que quando crescerem, eles irão se casar com a permissão dos pais e de Deus.
Entretanto, o destino os separou irrevogavelmente quando os pais de Ellie se separam devido a infidelidade conjugal. Para punir a esposa, o pai de Ellie a leva para outro estado, longe de tudo o que a filha mais ama - a mãe e Nolan.
Um dia antes de partir, Ellie e Nolan escrevem uma carta um para o outro e enterram debaixo de uma árvore que eles costumam sentar para conversar e passar tempo. O plano é eles se reencontraram dali a onze anos e lerem o que escreveram e se o destino os separou realmente, eles terem uma última chance de tornar realidade os sentimentos que nutrem em seus corações.
Karen Kingsbury construiu uma história magnífica onde o amor, a fé e a esperança andam de mãos dadas. Seus personagens são extremamente humanos e falhos, mas devotos de coração e alma a Jesus e a Deus. Não costumo ler histórias onde a religiosidade dos personagens é tão explorada no sentido de cada ação diária ser voltada a Deus e suas crenças e como essa fé inabalável modifica-lhes o rumo de seus destinos.
Nolan é o mais devoto e crente a Deus da história. Mais tarde, quando ele se torna um famoso jogador de basquete, ele não somente é conhecido por seu talento, mas também por sua fé em Deus e pelos trabalhos assistenciais do qual faz parte. Em contrapartida quando Ellie se afasta abruptamente de tudo o que lhe é mais caro, ela se afasta da igreja e perde a fé na vida, nos seus sonhos e em si mesma. Ela sente uma profunda mágoa do seu pai e de sua mãe e de como as falhas dos dois interferiram na sua vida.
A autora tem uma sensibilidade incrível para aliar um romance lindo e inspirador com religiosidade sem cair na pieguisse. O que mais me chamou atenção foi como ela trabalhou a questão do fanatismo representado pelo pai de Ellie, que usava a bíblia como uma "arma" contra sua esposa e sua filha, tratando-as como subordinadas e sempre as sufocando e ameaçando que elas iriam para o inferno se agissem dessa ou daquela forma. A reviravolta na vida dessa família separada pelas circunstâncias da vida é simplesmente sublime.
Detalhe: não sou evangélica, nem católica, mas essa história é realmente bonita e vale muito a pena ser lida. Lycia Barros, autora brasileira de A Bandeja - Qual pecado te seduz? também costuma aliar um romance arrebatador com a fé e a religiosidade presente na vida de seus personagens. Foi por causa desses aspectos que a semelhança com Nicholas Sparks foi bastante intensa.
Amor, fé, esperança, perdão! Essa também é uma história sobre perdoar tanto a quem nos prejudicou quanto a si mesmo pelas falhas cometidas. Uma história sobre recomeços e não perder nunca a fé sobretudo nos momentos de dificuldades!
Minha classificação para esse livro é de ❤ 4/6- "Muito Bom".
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A última chance. Kingsbury, Karen. Editora Verus, 2014, 336 p.