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"Ghostgirl", de Tonya Hurley

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Para dormir, agora vou me deitar / E peço a Deus que minha alma possa guardar. / Mas se eu morrer antes de acordar, / Que os populares em meu velório possam estar."
Pense numa pessoa impopular na escola. Pensou? Agora pense numa pessoa quase literalmente invisível. Sim, essa aí é Charlotte Usher. Além de a bichinha não ser popular, ela é invisível aos olhos dos colegas e funcionários da Escola Hawthorne, chegando ao ponto de ter a porta da mesma fechada na cara, porque o porteiro não a viu chegando. Sim, ela é impopular nesse nível. Ninguém a conhece, ela não tem amigos, até seu nome aparece escrito errado nas listas da escola. É como se ela não existisse. Mas Charlotte tem um sonho: ser uma garota popular, como Petula, e namorar o garoto mais popular da escola, Damen. E naquele começo de ano letivo ela tinha decidido que tudo seria diferente: ela se vestiria melhor, falaria com Damen, seria popular! Quando finalmente ela consegue, por puro acaso, formar dupla com o boy magia dos seus sonhos na aula de Física, e ainda dar aulas particulares para ele, uma bala entra em seu caminho. Não uma bala de arma: uma bala de chupar, mesmo, com a qual ela entala e morre, dentro de uma das salas de aula.

É, Charlotte morreu. Não é necessariamente um spoiler, né, afinal, o nome do livro é Ghostgirl (garota fantasma). E agora? Charlotte terá que aprender a lidar com sua nova condição e para isso terá que frequentar aulas de etiqueta para mortos e lá ela encontrará uns colegas bem bizarros que ainda carregam, depois da morte, a sua causa mortis no corpo. Sim, é bisonho DE-MAIS, e por essas e outras que o livro tem um toquezinho assustador, mas nada que te impeça de dormir à noite.

Bom, vocês sabem, a essa altura do campeonato, que eu não gosto de falar muito do livro, fazer resumo, pra não tirar a graça de quem for ler. O que posso adiantar é que Charlotte cisma que Damen é a sua "questão não resolvida", aquilo que mantém os fantasmas ainda aqui, vagando, e que é a chave para sua ida "em frente". Afinal, ela tinha um compromisso com ele, de dar aulas particulares de Física, e essa pode ser sua questão inacabada. Em seu caminho, uma fantasma muito chatonilda chamada Prue e suas próprias dificuldades em se adaptar à sua nova condição, e tudo isso gera situações muito bizarras.

Quem me conhece e lê o livro, logo me identifica com Scarlet, a irmã gótica / punk de Petula, a única pessoa que consegue ver Charlotte. Ela é a minha cara quando estava no Ensino Médio (sem as roupas legais, infelizmente). Uma personagem que aparece sem nenhuma pretensão e vai crescendo na trama até protagonizar uma virada espetacular, que acredito que ninguém espera, totalmente imprevisível e inimaginável até mesmo para a própria. A Charlotte mesmo pode ser bem chatinha e cabeça dura, a Scarlet vem pra ser um contraponto da mocinha. Ponto pra ela.

Leitura na praia.
O livro em si é lindo! A capa vazada em forma de caixão, com o desenho estilizado de Charlotte dentro, é algo que chama a atenção de cara. Dentro, então, ele é maravilhosamente editorado, com páginas decoradas, desenhos de Charlotte e letras de músicas e poemas que têm a ver com o capítulo que vai começar. Um delicioso livro gótico pra quem gosta de histórias de fantasmas, deliciosamente irônico, sarcástico, questionador (até onde alguém vai pela popularidade?) mas leve e divertido. Bom também para quem gosta de histórias de garotas populares, boys magia super desejados e bailes escolares (bem filme americano). Um humor negro permeia a obra, o que torna alguns absurdos aceitáveis (não se fala dos pais de Charlotte, por exemplo. Ela não se preocupa com eles depois que morre, aliás, um defeito que o professor Senhor Cérebro aponta nos mortos adolescentes - o egoísmo). Um livro perfeito para fechar as leituras de 2014 e começar as de 2015 (para vocês verem como é leve, levei-o para a praia e li horrores). Fica a dica para quem gosta de um livro bom e esteticamente interessante.



Minha classificação para esse livro é de 5/6- "Excelente".
Veja a cotação do livro no SKOOB e a opinião de outros leitores.

Ghostgirl. Hurley, Tonya. Editora Agir, 2011, 320 p. 





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