Alexander já havia feito o que todo grande vampiro faz – havia me transformado. Desejava sua presença a cada minuto do meu dia. Tinha sede do seu sorriso e fome do seu toque.”
Raven, a garota gótica preferida de Dullsville, e única também, está de volta! Depois que seu namorado gótico magya vai embora da cidade, deixando-a sozinha com suas dúvidas sobre quem ou o que ele realmente era, ou porque partiu, a encontramos com sua amiga e fiel escudeira Becky tentando juntar os cacos de seu coração partido. Ela não contou para ninguém o que tinha acontecido a Alexander, mas tentou seguir com a vida enquanto pensava no que poderia fazer para tê-lo de volta. Achei isso bem legal, ela não fica se lamentando, ninguém fica sabendo que Alexander partiu.
O que Raven faz dois dias depois da partida de seu amado?
(a) Fica deprimida e melancólica tal qual Bella Swan em Lua Nova, fazendo a Maysa “meu mundo caiu”?
(b) Arma um plano para encontrar seu príncipe das trevas e vai atrás dele na primeira pista que tem?
Se você respondeu a letra b, parabéns, acertou! A Raven não é dessas mocinhas que fica sofrendo pela ausência de seu amado, mas corre atrás. Mais um ponto para ela. Com a desculpa de visitar sua tia hippie Libby que mora na cidade vizinha, apelidada por ela de Hipsterville, ela vai atrás da primeira pista que encontra para descobrir o paradeiro de seu namorado. E lá, na cidade tão diferente de Dullsville, com pessoas de todas as tribos, nesse lugar onde ela não se sentia deslocada, mas parte do todo, ela vai seguindo as outras pistas que acha pelo caminho e que a levam ao Clube do Caixão, um clube gótico noturno onde ela conhece o misterioso e assustador Jagger.
Vamos falar de Jagger (se você ficar com Mick Jagger na cabeça até o fim dessa resenha, vai se sentir como eu ao ler esse livro), o gótico misterioso de cabelos brancos e olhos de cores diferentes. Se Travor é o antagonista do primeiro livro, Jagger é o desse. Ele tem problemas com Alexander e está atrás de vingança, e tenta usar Raven para conseguir seu propósito nefasto que é... Qual é mesmo? Preciso fazer um adendo aqui: se tem uma coisa que eu detesto é um vilão sem propósitos, sem uma motivação consistente, nem que seja “dominar o mundo” ou “encher o mundo de trevas eternas por motivos de: porque sim”. Às vezes eu, durante a leitura, falava para o antagonista “pô, cara, sério isso? Desencana!” (sim, eu converso mentalmente com os personagens). Sua motivação poderia até ser nobre no começo, mas depois vira meio que uma birra de criança pirracenta, na minha opinião. O fato é que, ao encontra-lo, Raven acaba colocando-o no caminho de Alexander de novo, o que se torna péssimo.
Se no primeiro livro não era dito com todas as letras o que Alexander era, nesse as coisas ficam mais claras, e ficamos conhecendo um pouquinho da história do garoto gótico. Outra coisa interessante a respeito de Raven é que, embora seja aficionada por vampiros desde muito novinha, e seu maior sonho tenha sido ser uma vampira quando crescesse, quando a coisa toda se torna real para ela, quando confrontada com a possibilidade real de se tornar um ser noturno, ela começa a questionar os prós e contras da situação e se estaria preparada para abandonar sua família e o mundo que conhece como humana. Isso a torna uma personagem mais pé no chão, diferente, por exemplo, da Bella em Crepúsculo (desculpem por usá-la de novo como referência), que fica implorando, PELO AMOR DE DEUS pro Edward mordê-la e transformá-la de uma vez, sem em nenhum momento pensar nas consequências de seu ato, cega de amor. Sério, estou começando a virar fã da Raven.
Agora preciso, antes de encerrar, falar um pouco do livro em si, da edição impressa. O trabalho da editora iD ficou realmente mal feito, e não sei se isso é só com essa obra ou com outras também. O livro é cheio de erros de formatação, digitação e tradução, e somente a capa (que eu adorei assim que bati o olho lá na livraria da faculdade) é bacana, com o título da série em vermelho e alto relevo. Mas uma coisa achei legal da parte dos editores: atendendo a pedidos dos fãs da série, eles mantiveram, nesse segundo volume, os nomes originais das cidades inventados por Raven, Dullsville e Hipsterville, em vez das traduções Tediolândia e Bacanópolis usadas no primeiro volume. Isso mostra que levam as opiniões dos fãs a sério.
Para quem gosta de uma leitura descompromissada para curtir as férias sem fritar ainda mais o cérebro nesse calor com uma leitura “cabeça”, esse livro é ideal. Não te faz pensar muito, refletir nem analisar demais. Pra refrescar mesmo a mente nesses dias de sol inclemente, vale a pena.
P. S.: Se você é daqueles que arrancam os cabelos ao final de um livro de série, para ler a continuação, espere até ter o terceiro volume em mãos, pois este aqui não tem final. Literalmente. A impressão que tive foi que meu exemplar veio com páginas faltando, porque não poderia acabar daquele jeito, sem nem um FIM, na última página do livro. Sério.
Minha classificação para esse livro é de 3/6- "Bom".
Beijo da Morte - Vampire Kisses Vol. 2. Schreiber, Ellen. Editora iD, 2011, 200 p.