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"Dois Garotos se Beijando", de David Levithan

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Este é o poder de um beijo: Ele não tem o poder de matar você. Mas tem o poder de trazer você à vida.
Eu não sei o que dizer sobre esse livro. Já faz dois dias que terminei e não sei o que falar, só sentir. Como escrever sobre um livro que te tocou de uma forma além das palavras? Bem, vamos tentar. Dois garotos se beijando. O livro é sobre dois garotos se beijando? Sim. E não. Tem dois garotos se beijando nele, Harry e Craig, que decidiram bater o recorde mundial de beijo mais longo da História no Guiness Book: 32 horas, 12 minutos e 10 segundos. Mas esta também é a história por trás da motivação desses dois garotos: é a história deles, de seu relacionamento, que terminou há algum tempo. Também é a história de Avery e Ryan, que acabaram de se conhecer e tem um novo mundo de possibilidades se abrindo em frente a eles, um mundo cheio de medos, dúvidas, incertezas e delícias. E de Peter e Neil, com suas dificuldades cotidianas de um relacionamento já relativamente acomodado. E de Cooper, que finge ser quem não é na internet, mas que na vida real carrega o peso do mundo nos ombros. E também é a história de quem conta a história. E é a SUA história. E a minha.

Quando percebi quem contava a história fiquei em choque. Tive que voltar às primeiras páginas várias vezes. Li as páginas restantes em um arrepio constante. É tão lindo e ao mesmo tempo tão cruel, tão triste... (nem sob tortura digo quem é. Não mesmo. Aliás, nunca tive tanto respeito por guardar um spoiler antes, mas esse merece) Agora, para quem a história é contada? Ora, você não precisa ser gay para se identificar, para ouvir, para seguir os conselhos. Eu me identifiquei em determinadas partes, eu me vi em algumas cenas, vi meu relacionamento com meu marido retratado ali em algumas páginas. Porque, né, são histórias de amor, cada uma ao seu modo especial. Não tem diferença das outras.

Esse é um daqueles livros que te deixa catártico, daqueles que você se arrepia e quando termina fica olhando em volta com mil questões na cabeça, com mil pensamentos e ao mesmo tempo nenhum, que te deixa com um buraco no peito. Eu nunca tinha lido um livro com uma temática gay tão profunda, tão humana. David Levithan tem uma escrita singela, pura e doce, romântica, tocante. Ele te emociona a um nível que você se sente parte da história. O livro não tem capítulos, mas tem pausas entre os núcleos, e é relativamente pequeno, dá pra ler em um dia ou dois (eu enrolei para que não acabasse rápido demais). O narrador fala com o leitor, o aconselha, praticamente o acaricia durante a leitura, pelo menos eu me senti assim. Me senti beijada, abraçada... Me senti parte de toda a luta LGBT, senti a força da luta, de todas as batalhas, pequenas e grandes, travadas pelos gays todos os dias, no passado e no presente. Já faz tempo que defendo a causa, mas depois desse livro eu passei a entender, não na pele, mas no coração, na alma, parte da luta e me senti impelida a defender ainda mais. 

Não dá pra falar mais sobre esse livro, ele é preciso ser lido, sentido, saboreado. Eu poderia contar partes da história, dar uma opinião mais crítica, relatar os pontos positivos e negativos, mas não quero. Você precisa ler para entender. O que eu posso dizer é: LEIA. Eu te empresto, se quiser. Sério. Aliás, já tenho uma lista de pessoas para quem vou emprestar. Se eu pudesse, comprava vários e dava de presente. É isso que eu tenho a dizer. LEIA. Sinta. Depois me conta o que sentiu.

Minha classificação para esse livro é de  6/6- "Obra prima".
Veja a cotação do livro no SKOOB e a opinião de outros leitores.

Dois Garotos se Beijando, Levithan, David. Galera Record, 2015, 224 p.



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