(...) Quando te vi entrar no bar pela primeira vez, você parecia...
- O quê? - Perguntei, querendo muito saber.
Ele franziu o cenho.
- Como se tudo o que você amasse tivesse sido incendiado bem na sua frente, e você tivesse que assistir a tudo virar cinzas. E a única coisa que eu quis naquele momento foi abraçar você. (Pág. 65)
Sr. Daniels foi uma grata surpresa. Assim que recebi o livro em minha casa, pensei que ele seria mais um romance do gênero new adult "mais do mesmo". Enganei-me profundamente! Foi fácil me apaixonar por Daniel e Ashlyn que são uns fofos.
Ashlyn perdeu a irmã gêmea para o câncer e ainda não superou a perda. No fundo do seu coração, ela acha que nunca irá de fato superar, sua irmã era sua outra metade, amiga, confidente, companheira. Ferida, sentindo-se abandonada, sua vida muda mais ainda quando sua mãe pede para que vá morar com o pai em outra cidade, longe de tudo o que conhece, com uma família que não é a sua... Aliás, até chegar lá, ela desconhecia o fato de que o pai havia se casado novamente e que morava com os filhos de outra mulher.
Daniel Daniels é um rapaz lindo, gentil, romântico e inteligente. Possui os próprios demônios e seus traumas são maiores do que alguém pode imaginar quando o vê pela primeira vez. Além de ser professor de inglês, nas suas horas vagas ele se dedica a música. Dono de uma voz inesquecível, ele encanta e seduz quando canta.
Por acaso - se é que ele existe! -, Ashlyn e Daniel se esbarram no trem rumo a Wisconsin e a atração é imediata. Eles marcam um encontro no bar onde Daniel costuma cantar e lá descobrem que o sentem é forte demais para ser ignorado e que além da atração, possuem gostos em comum como o amor pela música e por Shakespeare. Mas tudo desmorona quando no primeiro dia de aula, eles se encontram. Ashlyn é aluna do Sr. Daniels... Daniel. E seu pai é o diretor da escola.
Além do conflito e do drama de terem que esconder o romance arrebatador e a atração que sentem um pelo outro, o que mais me conquistou na história não foi somente o romance entre o casal de protagonistas, e sim também a relação deles com outros personagens da história. O elo de Ashlyn com a irmã gêmea e o luto por sua morte. O luto de Daniel para superar a perda dos pais e para perdoar o irmão. Sobretudo, a história do fofo, lindo e inesquecível Ryan. Hailey, irmã de Ryan, também não pode ficar de fora, é uma fofa tonta, mas ainda assim, apaixonante.
Ryan sentou-se e virou a cabeça para mim. Seus dedos correram pelo cabelo e seus olhos azuis continuaram marejados. Ele se aproximou, me beijando na boca, envolvendo-me em seus braços. Eu não me afastei. Nossos lábios estavam cobertos de lágrimas.
- Dê um fim nisso, Ashlyn. Me conserte - sussurrou ele, me beijando de novo.
- Eu não posso te consertar, Ryan - expliquei. - Você não está quebrado. (Pág. 277)
É história sublime de reparação, perdão, amizade, luto, família... Uma discussão sobre aceitação da família quanto ao homossexualismo e como a rejeição afeta profundamente a vida de todos. Admito que fiquei rasgada ao meio, me sentindo nua e completamente devastada pelo final que a autora destinou a um dos personagens mais queridos do livro e que por ser o mais otimista, alegre e irônico, não merecia aquele destino. Mas entendi a lição. Na vida nem tudo termina com um final feliz e podemos perder pessoas maravilhosas todos os dias. Aliás, também aprovei como ela conduziu o romance de Ashlyn e Daniel. Foi maduro e inteligente.
As citações de Shakespeare e a paixão do casal pelo imortal nos faz ter vontade de ler e reler todos os clássicos dele. Inclusive, a banda do Daniel só compõe músicas baseadas nas obras e passagens de Shakespeare. Quem aprecia o escritor, com certeza irá adorar vê-lo nas páginas do livro. Se você deseja ler esse livro, não perca tempo. Ele é simplesmente maravilhoso! Li rapidamente. É daquele tipo de história que você não quer largar até a última página.
Minha classificação para esse livro é de ❤ 4/6- "Muito Bom".
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Sr. Daniels. Cherry, Brittainy C. Record, 2015, 322 p.