O mínimo que podia fazer (...) era provar que mulheres humanas podem ser heroínas. Pouco importava se eu não era druida e se não tinha poderes ou habilidades de guerreira. (...) Eu amava aquele homem e não o abandonaria. Tão certo quanto o Sol nasce todos os dias, eu voltaria para buscá-lo.
O que dizer de Sevenwaters, da emoção que é voltar aos seus domínios, sua floresta viva, seus lagos, seus seres, a fortaleza e seus moradores? Para quem é fã da saga, a continuação da ex trilogia é uma bênção. E é incrível, absolutamente INCRÍVEL que mesmo com 4 livros Juliet Marillier ainda escreva histórias tão envolventes. Mas vamos parar com o ataque de fangirlismo e falar do livro.
Nesta nova edição da Coleção Sevenwaters, somos apresentados à uma nova narradora, Clodagh, uma das filhas de lorde Sean e lady Aisiling. Ela é uma mocinha como outra qualquer: com os casamentos de suas duas irmãs mais velhas, a vocação de outra para o druidismo e duas outras pequenas, cabe a ela o cuidado da casa agora que sua mãe está grávida novamente e correndo riscos por não ser mais tão jovem. A expectativa para o nascimento é alta: será que dessa vez lorde Sean ganhará o tão sonhado filho? E se vier o menino, como ficará a questão do futuro de Sevenwaters, já que o herdeiro não oficial é Johnny, sobrinho do lorde (filho de Liadan, a narradora de "Filho das Sombras")? A tudo isso somam-se problemas na fronteira das terras, o que torna delicadas as relações entre os lordes vizinhos. Com a aproximação do casamento de Deirdre, muitos convidados aparecem nos domínios da floresta, inclusive Johnny (melhor pessoa) e seus guerreiros, entre eles o belo Aidan e o misterioso Cathal. O nascimento do novo bebê de Aisling traz à tona uma série de acontecimentos que desestabilizarão a família e farão com que Clodagh tenha que provar se realmente é uma dona de casa exemplar ou uma filha da floresta.
Preciso começar dizendo que parte da história foi previsível para mim. Talvez não seja para outros leitores, talvez eu esteja muito acostumada a ver esse tipo de situação, mas o certo é que o casal principal já era bem previsível de se juntar. Mas aí é que entra a genialidade de Marillier: mesmo com esse tipo de coisa ela consegue escrever uma história envolvente, maravilhosa e tão incrível quanto os outros 3 livros anteriores. Sério, não dá para parar de ler "O Herdeiro...", eu não conseguia parar, e quando parava ficava pensando na história. Clodagh tinha tudo para ser uma mocinha mimada e chata, mas provou-se ser corajosa e interessante, mas também sem se transformar em uma heroína da noite para o dia. Sua coragem foi sendo construída ao longo das páginas, ela foi crescendo, aparecendo, tentando, quebrando a cara, errando e aprendendo, e por fim o amor a tornou uma guerreira. A garota passa de dona de casa e futura esposa exemplar de algum lorde para uma mulher que foi até o Outro Mundo e enfrentou o príncipe malvado por sua família e depois pelo homem que amava. Isso é que é fibra!
Já que falei do príncipe, vamos falar mais dele. Depois dos acontecimentos de "Filha da Profecia" as coisas mudaram no Outro Mundo, e agora os seres mágicos são comandados por um príncipe malvado e arrogante: o sedutor e safadão Mac Dara, líder dos Seres da Floresta, que também já não são mais os mesmos. A inserção dele na trama aos poucos foi feita de forma genial e culminou num ápice sensacional, e é uma pena eu não poder falar mais para não dar spoiler. Só posso dizer que o achei bem divoso, mas não dá para me levar a sério, porque e tenho probleminha com os vilões...
Outra coisa bem bacana na história é a menção aos personagens do passado. Duvido não se emocionar com a lembrança de Sorcha, a Filha da Floresta; seu irmão Finbar, o homem mais forte que Sevenwaters já viu (há inclusive uma "homenagem" a ele que, putz, quase me fez chorar), a Liadan, que infelizmente não aparece pessoalmente e à Fainne. Para nosso deleite temos Conor, o druida mor, tio de Sean e Ciáran, o misterioso filho de lady Oonagh, que promete mitar nos próximos volumes (ficou no ar uma situação e, cara, VAI SER MUITO DEMAIS!) Eu adoro o Ciáran e vê-lo ter algum destaque foi sensacional e um pouco nostálgico também.
Preciso falar da escrita de Marillier a essa altura? Acho que não, né? Quem já leu a trilogia anterior sabe que o nível é altíssimo do começo ao fim. Porque, assim, quando vemos uma trilogia geralmente percebemos que um livro pode ser melhor do que os outros, mas isso não acontece com Juliet; desde o primeiro livro ela nos cativa, e mesmo que os seguintes não tenham os mesmos personagens e sigam com as gerações, eles nos cativam do mesmo jeito, e isso SÓ PODE SER BRUXARIA! Não é possível, não é humanamente possível alguém escrever tantos livros bons! Eu não sei nem mais o que falar sobre "Herdeiro de Sevenwaters", só sentir. Com certeza absoluta foi uma das melhores leituras do ano, e digo isso sem medo, se não foi A MELHOR até agora. Só posso dizer que tenho muito amor pela editora Butterfly, que nos traz essas joias da literatura, porque sem ela quem sabe se teríamos acesso a esse mundo maravilhoso criado pela feiticeira das palavras, Juliet Marillier? E que venham mais histórias de Sevenwaters, muitas histórias, quantas mais forem possíveis! Nunca é demais se emocionar e se deixar cativar por esse mundo tão incrível.