(...) fica aqui uma lição aprendida: não importa o que os outros digam da gente. O que importa é quem a gente é. / - E nós somos incríveis!"
A Turma da Página Pirata surgiu pela primeira vez no livro "Palladinum - Pesadelo Perpétuo", de 2011. Dois anos depois eles ganharam uma nova aventura, dessa vez com a turma um pouco mais nova, aprontando no Colégio São João. Página Pirata é o nome do jornalzinho de circulação interna do colégio, escrito e editado pelos amigos Juliana (editora-chefe e repórter), Plínio (colunista científico), Beto (ilustrador e quadrinista), Ana Sophia (colunista de fofocas), Zeca (fotógrafo), Léo (criador de passatempos e atividades) e Viviane (colunista de saúde e nutrição). Na verdade eles são mais conhecidos por seus apelidos/codinomes: Pastilha, Paçoca, Pimenta, Princesa, Piolho, Pinguim e Peteca, todos com idades entre 10 e 13 anos.
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De cima para baixo, da esquerda pra direita: Princesa, Pimenta, Pinguim, Peteca, Pastilha, Paçoca e Piolho |
O Colégio São João é uma escola como outra qualquer, como a sua, na qual você estuda, ou já estudou, repleta dos mais diferentes tipos de alunos. E como em toda escola normal, tem seus valentões. O "trio valentia" da escola de Vale Prateado é composto por Mário, Soneca e Meleca (nem vou explicar o apelido do último... Vai que você tá comendo...), típicos babacas juvenis, grandões, mimados e escrotos até o último fio de meleca cabelo, que adoram aprontar, principalmente com os mais novos. Você deve conhecer ou já conheceu um grupinho assim, né? Pior tipo de gente. Eles gostam de zoar com os menores, roubar lanches, fazer piadas, humilhar e até bater, e ninguém consegue contra eles. Seus alvos preferidos, além dos menores, são os diferentes: os nerds, os inteligentes, os gordinhos, enfim, qualquer um que saia de algum modo dos padrões da sociedade. E, exatamente por serem mais vulneráveis, são os que mais sofrem, por vezes calados. O nome disso, meus queridinhos, é bullying. Você já deve ter ouvido falar, já deve ter lido sobre. O assunto divide opiniões: até que ponto uma simples brincadeira é bullying, "no meu tempo a gente zoava todo mundo e ninguém ficava de mimimi", "isso é frescura", "isso é sério", etc. Mas o que realmente faltava era um livro que falasse para as crianças, com linguagem de criança e com personagens infantis sobre esse assunto que diz respeito principalmente a ELAS.
É isso que o carioca Marcelo Amaral faz. Ele usa uma linguagem fácil, simples e uma narrativa repleta de licenças poéticas que tornam o assunto de fácil entendimento para o público-alvo, que são as crianças em idade escolar. Ele mostra todos os ângulos do problema, como ele acontece, quem são os que sofrem e porque, quem são os agressores e suas possíveis motivações, a visão dos adultos (pais que nem sequer sabem que seus filhos são vítimas ou agressores, professores e diretores que não percebem ou não dão importância ao problema, a impunidade, etc), a visão das outras crianças que não se enquadram em nenhum dos dois casos (meros espectadores, por vezes até mesmo escondendo um bully em potencial dentro de si) e o mais interessante nesse caso específico: as consequências de quando uma vítima resolve dar um basta. O pequeno cientista e inventor Paçoca, cansado das ameaças e agressões de Mário e gangue, inventa e constrói uma máquina para proteger a si e a seus amigos: uma máquina antibullying. E a confusão que ela causa acaba sendo muito maior do que o menino gênio imaginava. Aqui é inserida uma pequena cota de fantasia que deixa o livro mais divertido e acessível para as pequenas mentes às quais foi destinado, se bem que até eu com meus 27 anos e meio achei muito maneiro! Porque, né, só quem já sofreu algum tipo de bullying sabe o que é sentir na pele, e essas pessoas vão ter sua alma lavada. Estou sendo um pouco malvada? SIM E NÃO ME ARREPENDO, BEIJOS DE LUZ! E não se engane, muita gente sofre ou já sofreu sem saber, porque aquele apelidinho engraçadinho pode ser causa de muito sofrimento para alguém. E se você acha que nunca passou por isso, sorte a sua. Eu já fui vítima, mas nada muito sério, ainda bem! e nunca dei muita bola, mas tem gente que sofre sim e acaba ficando doente, entrando em depressão ou indo até as últimas consequências: o suicídio. Por isso é tão importante discutir o assunto, principalmente com nossas crianças, que são as que mais sofrem.
O livro é pequeno, em folhas brancas e cheio de ilustrações do próprio autor, ou seja, perfeito para as crianças. Algumas escolas já aderiram como leitura paradidática e digo mais: é um ótimo presente de Natal para seu filho/sobrinho/afilhado/criança linda que você ama. Ela vai amar, com certeza! E essa é só a primeira aventura da turminha da Página Pirata: ano passado saiu "A S.U.P.E.R Gincana", o segundo livro da série, além do primeiro livro lançado, "Palladinum". Ou seja, tem muita Página Pirata por vir ainda! E mais leitura de qualidade para as crianças e as mulheres de 27 anos e meio que gostam de livros infantis. Mais que recomendado!
Minha classificação para esse livro é de ❤ 3/6- "Bom".
A Máquina Antibullying. Amaral, Marcelo. Editora Vermelho Marinho, 2013, 168 p.