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"Futilidade ou O Naufrágio do Titan", de Morgan Robertson

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Era o mais largo navio já criado, e o mais estupendo dentre os trabalhos do homem. (...) Inafundável. Indestrutível."
Quando vi esse livro pela primeira vez e li a sinopse, a primeira coisa que pensei foi: "ué, não sabia que o Titanic tinha sido inspirado em um livro". Até porque, pela descrição acima, dá para se fazer a referência. O maior navio já construído, maravilhoso, incrível, inafundável (nem Deus poderia afundar), repleto de soberba e vaidade, mas cujo afundamento, causado por uma batida num iceberg, foi uma imensa tragédia de proporções épicas. E, no meio disso tudo, um casal. Então eu me lembrei que o Titanic, o filme de 1997, foi baseado numa história real, a do navio que afundou em 1912. Mas esse livro foi escrito em 1898! NAUM PODE SE! O livro ficou famoso alguns anos depois por ser considerado profético, pois 14 anos depois da sua publicação aconteceu o naufrágio do Titanic (Titan... Titanic...), nos mesmos moldes escritos por Morgan Robertson. Essa é parte da magia da coleção "O Melhor de Cada Tempo", da Editora Vermelho Marinho, que traz à luz histórias interessantes que ficaram à mercê do grande público. Como essa.

Mas esqueça Rose, Jack e Celine Dion cantando My Heart Will Go On. Essa é a história de John Rowland, marinheiro do Titan, homem humilde, alcoólatra, mas que esconde, por trás de sua aparência quase subumana uma grande dor, a de ter sido recusado por sua amada Myra. O motivo? Sarcástico e inteligente, Rowland era um ateu convicto e Myra era uma cristã devota. A ridicularização da fé de sua amada pôs tudo a perder, e por conta dessa dor de amor ele se afundou (desculpe o trocadilho) em bebidas e mulheres e se tornou, de um aristocrata a um simples marinheiro. Seu trabalho no Titan, porém, o reúne com a jovem Myra mais uma vez, numa brincadeira do destino que lhe traz ainda mais sofrimento.

- O que foi isso? - perguntou, cansado. - Nervos gastos pelo uísque, ou a palpitação moribunda de um amor? Já faz cinco anos... e um olhar dela ainda congela o sangue em minhas veias. Um olhar dela ainda basta para trazer de volta toda a carência e o desamparo que podem levar um homem à loucua; ou a isso. - Ele olhou para suas mãos trêmulas, cheias de cicatrizes e calejadas pelo trabalho do mar..." 

A antiga amada, no entanto, já está casada e com uma filhinha de mesmo nome, a pequena Myra, que se cara de sente atraída de um modo infantil pelo marinheiro, que se vê novamente assombrado pelo passado. A soberba dos oficiais do Titan, porém, põe fim a esse conflito, quando o navio bate em um iceberg (a uma velocidade considerada insana) e acaba afundando. E a partir daí a história fica ainda mais interessante. A aparente loucura de Rowland, na verdade causada por ter sido drogado pelos superiores, se une ao desespero, ao instinto de sobrevivência e aos questionamentos acerca de Deus.

Caindo de joelhos, o ateu ergueu os olhos para os céus. E com a voz fraca e o fervor nascido do desamparo, orou ao Deus que tanto negou.

O livro é curtinho, a história é simples, mas intensa. Esse entra para a minha lista de clássicos viciantes, porque li em dois dias apenas, e trabalhando! A profusão de termos náuticos não dificulta a leitura, e o tradutor foi de grande ajuda ao introduzir notas de rodapé para explicar algumas coisas mais técnicas. Até porque, na primeira parte do livro, nas primeiras páginas, o autor descreve o Titan de um modo super intenso, detalhado e majestoso, chamando o grande navio de Ele, assim mesmo, com letra maiúscula, (em inglês, no original, She, ao invés de it, porque em inglês a palavra navio é feminina. Essa informação tem o oferecimento de uma das notas de rodapé. Rsrs) como se fosse uma pessoa, mas não uma pessoa qualquer: ele refere-se ao navio quase como a um deus. Sério, dá pra sentir a veneração com a qual ele trata o Titan, e tudo para mostrar a soberba de seus comendantes e idealizadores e a aparente indestrutibilidade do navio. E os termos náuticos e explicações a respeito do trabalho dos marinheiros e outros funcionários dá uma magia à leitura que te faz mergulhar naquele mundo. Se em Titanic nós vemos a aristocracia e uma história de amor, nesse livro vemos uma história crua, Realista, com um anti-herói bêbado e fracassado e o submundo das caldeiras, vigias, gávea e salas de controle. As sutilezas é que dão o tom romancesco: a dor de Rowland, o envolvimento com a pequena Myra (uma história de amor melhor que Titanic), seus questionamentos e o final, que foi como um tapa na cara da sociedade. Aliás, toda a parte final foi um VRÁ e um CRÉU bem dados, tipo CHUPA! Recomendo a leitura, é rapidinha, vai levar pouco tempo e você vai se deliciar com essa história, garanto. Só não tem Leonardo Di Caprio. Aí vocês já estã querendo demais.

Minha classificação para esse livro é de  4/6- "Muito Bom".
Veja a cotação do livro no SKOOB e a opinião de outros leitores.

Futilidade ou O Naufrágio do Titan. Robertson, Morgan. Editora Vermelho Marinho, 2014, 112 p.


 

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