Meus pais sempre disseram que meu nome é Joia porque sou preciosa, mas as vezes acho que é porque começa com J, assim como John, e porque eles sentem saudade dele e não queriam me dar um nome comum. John tinha um nome comum, e agora ele está morto.
Segunda leitura de 2016 e já entrou para a lista de favoritos do ano. Passarinho é um livro que, até o momento não sei o porque me chamou a atenção na livraria, mas tive uma agradável surpresa que há tempos não tinha.
Joia está completando 12 anos e não recebeu uma festa de aniversário de seus pais. Na verdade ela nunca recebeu. No dia em que ela nasceu, John, seu irmão mais velho que na época tinha 5 anos, se jogou de um penhasco. Seu apelido era Passarinho e ele acreditava que poderia voar. Desde aquele dia seu avô não fala mais pois se sente o responsável pelo acontecido.
Na realidade, os pais de Joia culpam o avô pela tragédia, já que foi ele quem apelidou John de Passarinho. 12 anos já se passaram e os pais ainda não conseguiram superar a perda. Joia não se sente amada pelos pais, e parece que tudo o que ela faz para agradar eles, não muda em nada a forma como eles tratam ela. Senti um aperto no coração durante todos os momentos em que Joia tentava conversar com eles. É nítido a frieza com que eles a tratam.
A garota está sempre indo escondida ao penhasco. Ela tem a sensação de que aquele lugar compreende ela e se sente melhor ali. Uma noite, ao voltar para casa ela conhece um garoto. Ele também se chama John e está passando as férias na casa do tio. Isso é só o começo de uma grande amizade. John fará com que Joia se sinta mais feliz, mas será que ele é uma pessoa boa como ela imagina, ou um duppy (espírito ruim), como o avô da menina acha?
Apesar de parecer ser uma trama infantil, ela vai muito além disso. Tem sim uma narrativa simples, mas é muito profunda e emocionante. Com uma narrativa em primeira pessoa, contada por Joia, nos envolvemos rápido com a personagem, e conseguimos sentir tudo o que a garotinha sente. Muito bem escrita e bem desenvolvida, a autora conseguiu unir temas pesados, como a morte, sofrimento, solidão e problemas familiares, de uma forma relativamente leve que me encantou.
Minha classificação para esse livro é de ❤ 6/6- "Obra-prima".
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Passarinho. Chan, Crystal. Editora Intrínseca. 2014, 224 p.