Você acredita em amor à primeira vista? Nem eu. Mas acredito numa grande atração à primeira vista, mais que física. Acho que de vez em quando - em uma ou duas ocasiões na vida - nos sentimos fascinados por uma pessoa, de forma muito profunda, primordial e imediata, um encanto mais que magnético. Foi assim com Natalie. Às vezes não passa disso. Em outras cresce, esquenta e se transforma numa chama gloriosa, que sabemos ser verdadeira e destinada a durar para sempre.
Durante um retiro para escritores, Jake Fisher conheceu aquela que seria o seu grande amor. Natalie Avery, uma artista, lhe conquistou desde o primeiro instante e, após trocarem algumas palavras, um forte sentimento logo nasceu entre eles. Apaixonados, os dois viveram muitos momentos felizes juntos, aproveitando os melhores meses de suas vidas. Porém, aparentemente, aquele foi apenas mais um caso de verão, já que de repente a jovem decidiu terminar com Jake e se casar com um ex-namorado.
Pouco depois desse término doloroso, o casamento chega. Fisher aparece na capela e finalmente conhece o noivo de Natalie, Todd, o homem responsável pelo fim repentino do seu relacionamento. Acontece que, após a cerimônia, a noiva pede que Jake faça-lhe uma promessa: irá deixá-los em paz. E assim ele o fez, durante seis anos.
Lembranças dolorosas nunca chegam suavemente - elas arrombam a porta e entram todas ao mesmo tempo.
Jake Fisher é um professor universitário solteirão que não conseguiu superar o fim de algo que parecia ser eterno, apesar de ter terminado com a mesma rapidez com a qual começou. Ele e Natalie formavam um casal bastante feliz, até que a moça terminou o relacionamento para ficar com um ex-namorado, do qual ainda gostava. Sem entender essa decisão inesperada, Jake se afasta, mas não consegue parar de pensar na amada.
Apesar de ter cumprido durante seis anos a promessa que fez no casamento de Natalie, bastou surgir no site de Lanford, universidade onde ensina, a notícia da morte de um ex-aluno chamado Todd para que Jake procurasse a ex-namorada, mesmo não tendo certeza de que o homem assassinado era aquele com o qual ela havia se casado. Procurou o obituário, notícias sobre o crime, e logo depois seguiu para o enterro, na tentativa de encontrar a jovem. Confesso que essa obsessão da parte dele me incomodou (e não foi pouco).
A maneira como o Jake encara as situações é extremamente obsessiva. Todos os seus pensamentos são voltados para Natalie, tudo o que acontece lhe faz pensar nela e no porquê de ela o ter abandonado. Com a morte desse Todd, ele só consegue enxergar uma oportunidade de ver a amada novamente. Tudo gira em torno disso e, apesar de entender o seu significado para a história, já que essa perseguição é o que irá guiar o suspense da trama, eu não consegui lidar com essa fixação do protagonista.
Esse "não consegui lidar com o protagonista" nos leva a outro problema: leitura arrastada. Não esperava que isso fosse ocorrer com um livro do Harlan Coben, já que esse foi o meu terceiro contato com o autor e através dos outros dois pude perceber que sua escrita é bastante envolvente, mas é complicado se empolgar com o enredo quando você não gosta do personagem principal e é ele quem narra a história.
Mais um ponto que me incomodou foi a existência de mistérios em excesso. Calma, eu sei que é necessário a criação de pequenos mistérios que irão se conectar para gerar o suspense da obra, mas as incógnitas implantadas nessa trama são muito curtas, resolvidas rapidamente e não tão difíceisde adivinhar, o que me desanimou ainda mais. Além, é claro, de todos os comentários positivos que havia lido antes de realizar a leitura e que me deixaram com altas expectativas (que não foram alcançadas).
Há um comentário na capa que diz: "Um dos livros mais inteligentes e ambiciosos que Coben escreveu até hoje". Concordo que o autor foi bastante ambicioso ao escrever Seis Anos Depois, mas talvez esse tenha sido o seu grande erro. Na minha opinião, essa história não funcionou.
Minha classificação para este livro é de ♥ 2/6- "Razoável".
Seis Anos Depois. Coben, Harlan. Editora Arqueiro. 2014, 267 p.
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