Max acariciou meu rosto com a ponta dos dedos, os olhos queimando nos meus. Seu polegar deslizou por meu lábio inferior, dolorosamente lento. Ele abaixou os olhos para acompanhar o tracejar de seu dedo. Umedeceu os lábios suculentos, seu respiração saindo aos trancos, então finalmente (finalmente!) disse as palavras mágicas que havia tanto tempo eu esperava ouvir:
- Alicia - sua voz era rouca, intensa. - Quer ir pra um lugar mais calmo?
- Desesperadamente - sussurrei. (Pág. 340)
Alicia é uma jovem socialite que vive enfurnada nas festas mais badaladas da cidade e metida nas maiores confusões, seja em território nacional ou estrangeiro. Ela não somente curte arrumar confusão, como parece ter imã para atrair situações embaraçosas e que enlame-a sua reputação já duvidosa - o que suja também o bom nome do seu querido avô e de suas empresas.
Apesar de ser inconsequente, Alicia ama o avô. Quando vô Narciso falece, a jovem fica arrasada, pois o homem que era seu alicerce e sua única família havia partido, levando com ele, parte de seu coração. Porém, sua vida fica realmente destroçada quando descobre que seu avô a deserdou, alegando que a moça não possui maturidade suficiente para assumir o vasto patrimônio familiar. Em contrapartida, se Alicia quiser sua herança de volta, deverá casar-se e após o primeiro ano do casamento, receberá sua fortuna. Não querendo deixar a neta na miséria, vô Narciso também trata de arranjar-lhe um emprego vitalício em uma de suas empresas, começando do zero como uma simples assistente de secretaria.
Irritada, desiludida e sem os recursos com o qual sempre viveu e gastou com fartura, Alicia coloca um anúncio no jornal, procurando um marido. Sim, sim, sim! A louquinha deseja alugar um marido durante o período de um ano, burlando assim as regras do testamento e conseguindo o que deseja. Porém, após entrevistar vários candidatos nada amistosos e aprazíveis, a moça pensa em desistir da ideia, quando finalmente surge um candidato capaz de mudar tudo, inclusive, balançar seu coração e mudar sua vida.
~ ~ ❤ ~ ~
Procura-se um marido da brasileira Carina Rissi, surpreendeu-me em diversos aspectos. A história é divertida, possui personagens fantásticos com personalidades muito bem construídas. O ritmo da escrita bem cadenciado, com picos de adrenalinas e outros mais calmos contribuiu para deixar a trama leve e romântica, como deve ser todo chick lit.
Alicia é maluquinha no limite extremo, mas também é carente de afeto verdadeiro, apesar de ter tido um avô maravilhoso e dedicado de corpo e alma a neta. Para preencher seu vazio, Alicia encontra nas noitadas e nas confusões, o passatempo perfeito para toda jovem rebelde. Porém, ao ser deserdada tudo muda radicalmente e é uma delícia vê-la passar por situações constrangedoras, mas ao mesmo amadurecendo na marra. Acreditem: os empregados da empresa de cosméticos que vai trabalhar (que é sua por direito), não pegam leve com Alicia, fazendo-a passar por poucas e boas.
Carina Rissi usou e abusou do seu poder de escritora para criar mocinho mais-que-perfeito! Max é tudo o que uma mulher deseja, sem ser aquele mocinho afetado que vemos em algumas histórias. Rs! Pelo contrário, masculinidade exala por seus poros, ao mesmo tempo em que ele é atencioso, romântico e intenso. {Suspiros}
No entanto, apesar de ter adorado a história, senti que a autora pecou bastante ao construir o início da desventura de Alicia - morte do avô, com o desfecho - ter sua herança de volta, em apenas dois meses aproximadamente. Achei precipitado, até porque ninguém se apaixona perdidamente e faz tudo o que Max fez por Alicia em apenas um mês de convivência. É contraditório! Em um momento, eles se odeiam e se evitam, no outro, estão loucamente apaixonados??? Esse detalhe deixou-me um tanto decepcionada, mas apesar disso, eu apreciei bastante.
Ainda que tenha pecado na minha opinião nos quesitos citados acima, acredito que Carina Rissi tem potencial para ser a autora queridinha do chick lit brasileiro. Recomendo!
Minha classificação para esse livro é de ❤ 5/6- "Muito Bom".
Veja a cotação do livro no SKOOB e a opinião de outros leitores.