Apesar de todo o avanço que o mundo vem passando, ainda vemos muito preconceito relacionado a doenças como a bipolaridade, depressão, e outros transtornos de personalidade. Se nos dias atuais isso ainda é visto como um tabu, imaginem nos anos sessenta ou setenta?
Susanna Kaysen tentou suicídio tomando uma grande dose de aspirina. Tinha também a mania de se machucar nos pulsos. Com seus dezoito anos de idade preferia namorar do que fazer tarefas da escola, sofria com espinhas e não sabia se queria ir ou não para a faculdade. Tudo isso faz dela uma louca ou uma jovem normal? Por não seguir os padrões normais da sociedade da época, em 1967 foi internada no hospital psiquiátrico McLean e ali ficou por mais de um ano e meio. Seu diagnóstico: transtorno de personalidade limítrofe, uma doença mental com características parecidas com a de transtorno bipolar e depressão.
Apesar de parecer uma obra de ficção, é uma biografia. Susanna conta em sua obra vários momentos de sua vida, entre eles como foi que ela chegou até a clinica, e o seu dia a dia ali. Detalhes sobre como eram as rondas das enfermeiras e até os ataques das outras pacientes são descritos de forma tão bem detalhada que me fez sentir como se eu realmente estivesse vivendo aquilo.
Além de contar sua experiência de vida e as dificuldades durante o tempo que passou ali, Susanna também conta sobre outras pessoas que ela conheceu no hospital. Pessoas que também tinham problemas, dos mais variados que se possa imaginar.
A autora utiliza muitos termos técnicos e médicos para falar de toda a rotina do hospital e das doenças, e eu, apesar de não ter muito conhecimento no assunto, não acho que isso atrapalhe o intendimento da trama, na verdade eu aprendi muito com ela, entretanto para alguns isso pode não ser tão interessante.
A trama é dividida em diversos capítulos pequenos, e isso faz com que a leitura seja dinâmica e muito fluida. Entretanto não é linear, o que pode atrapalhar o um pouco o entendimento, mas por se tratar de uma garota passando por um internamento, provavelmente foi proposital.
Possui uma escrita real mas não tão simples, só que ao mesmo tempo impactante. Nos faz refletir e mexe com o emocional. É triste pensar nos anos que a garota perdeu.
Minha classificação para esse livro é de ♥ 5/6- "Excelente".
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Garota, Interrompida. Kaysen, Susanna. Editora Única. 2013, 189 páginas.