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"Harry Potter e a Criança Amaldiçoada", de J. K. Rowling, John Tiffany e Jack Thorne

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O amor nos deixa cegos. O que nós dois tentamos dar a nossos filhos não era o que eles precisavam, era o que nós precisávamos. Estivemos tão ocupados tentando reescrever nosso próprio passado que destruímos o presente deles. (Harry para Draco)
Eu nem sei se eu deveria escrever essa resenha agora, acabei de terminar o livro e estou nervosa, emocionada, em choque, mas de um jeito bom. Sou Potterhead há 15 anos, desde que li o primeiro livro em 2001 e depois vi o filme (sim, 15 anos. Sente-se velho agora?). Li todos os quatro primeiros livros e ia vendo os filmes à medida que iam saindo; depois fui lendo os livros também enquanto eram lançados, sempre emprestados de amigos e colegas, porque não tinha dinheiro pra comprar, mas essa já é outra história. Vi o primeiro filme com meu primo e minha mãe; o penúltimo vi com o homem que se tornaria meu marido. Foi uma evolução. Nós, os fãs de Harry Potter, crescemos com ele, tantos aqueles que leram quando foi lançado, no final dos anos 90, quanto aqueles que, como eu, pegaram no início dos anos 2000. O que eu quero dizer é: nós crescemos com o Harry Potter. E agora somos todos adultos.

Acho que o sonho de todo fã era ver a história continuar. Aquele "dezenove anos depois" no finalzinho do último livro veio pra nos dar um gostinho do que poderia vir, nos deixou cheios de possibilidades. Bem, a continuação que todos esperávamos não veio como pensávamos, mas um pouco diferente: em forma de peça teatral e um livro em forma de roteiro. Algumas pessoas acharam a narrativa estranha, mas eu devo dizer que pra mim não fez diferença alguma, é um livro de Harry Potter, é da J. K. Rowling, tá tudo ali! Houve ainda a polêmica em torno da atriz escalada para viver Hermione Granger, uma negra. Mas nada disso conseguiu tirar a magia em que mergulhamos mais uma vez, agora adultos! E acho que essa é a palavra chave aqui: adultos.

Harry e Alvo Severo em cena da peça que resume bem o relacionamento de pai e filho
Harry Potter envelheceu. É um homem de quase 40 anos agora, diretor de um gabinete no Ministério da Magia e pai de três filhos: Alvo Severo, Tiago e Lílian. É muito bem casado com Gina Weasley, editora da seção de esportes do Profeta Diário. Eles ainda mantêm contato com seus amigos, Hermione e Rony, casados, pais de Rosa Granger-Weasley (se eu achei genial Hermione manter seu nome de solteira e passar para a filha? Achei), ela, Ministra da Magia e ele, dono da Gemialidades Weasley, a bem-sucedida loja de logros de seus irmãos Fred e Jorge. A vida vai bem até Alvo Severo ir para Hogwarts e ser escolhido para a casa Sonserina e se tornar amigo de Escórpio Malfoy, ele mesmo, filho de Draco Malfoy. O bullying ao qual ele é submetido, por ser um Potter na Sonserina e amigo de um Malfoy acaba tornando-o um garoto isolado e, mais pra frente, um completo "aborrecente". Alvo tem problemas com o pai, com a figura grandiosa que ele representa, e Harry, por sua vez, tem dificuldades em se aproximar do filho. Sim, eu disse que a temática do livro era bem adulta. O cara que derrotou Voldemort, que passou por poucas e boas desde que era um bebê, tem dificuldades em lidar com o filho adolescente. Nem todo mundo é perfeito, né? A partir da ideia louca imaginada por Amos Diggory de salvar a vida de seu filho Cedrico, Alvo e Escórpio, ajudados por Delfi Diggory, sobrinha e enfermeira de Amos, roubam um vira-tempo clandestino do Ministério e voltam para a primeira tarefa do Torneio Tribruxo, desencadeando, assim, uma série de confusões no tempo. Entre essas confusões eles vislumbram realidades alternativas criadas pela consequência dos seus atos de mudar o passado, e cada uma delas é mais arrepiante que a outra. É aí, porém, que vislumbramos alguns personagens antigos que fazem nosso coração até bater mais forte.

É difícil falar desse livro sem soar como uma fã histérica, mas a verdade é que EU NÃO TÔ SABENDO LIDAR, BRASIL! Sério, que livro maravilhoso, incrível, perfeito! Muita gente viu furos, inconsistências, modos de agir de alguns personagens diferentes mas eu digo que só conseguia enxergar perfeição. É uma história de Harry Potter! Lá está a escrita de J. K. Rowling, não na mesma narrativa de romance, mas na narrativa do roteiro. A cara da saga está lá. Antigos acontecimentos e personagens, o famoso "o que aconteceu depois?", está tudo lá. Eu devorei o livro sem dó nem piedade em apenas dois dias, um prodígio que há muito tempo não fazia. A maturidade  dos personagens, mas ao mesmo tempo sempre nos lembrando de quem eles são, dos jovens que eram; a modernidade dos jovens da vez... É encantador. A amizade de Alvo e Escórpio é a coisa mais preciosa da vida e o filho de Draco é o personagem mais fofo do livro, e quem não tiver vontade de colocá-lo num potinho é um insensível sem coração, porque o garoto é um amorzinho. Todos estão muito humanos, muito reais, mas ao mesmo tempo estão ali, naquele mundo mágico que conhecemos. Sério, não dá pra explicar, só lendo. Se eu for ceder à emoção vou dar spoiler das vezes em que berrei ou segurei a vontade de gritar e chorar. São muitas referências aos livros anteriores da saga e tudo muito emocionante pra quem é fã. Seria meu sonho que essa história maravilhosa virasse filme? Seria. E seria perfeito! Com a bênção de J. K.

Os personagens da peça, com anotações de Rowling

Minha classificação para esse livro é de  6/6- "Obra prima".
Veja a cotação do livro no SKOOB e a opinião de outros leitores.

Harry Potter e a Criança Amaldiçoada. Rowling, J. K.; Tiffany, John; Thorne, Jack. Editora Rocco, 2016, 352 p.




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