E inimigos com armas às Portas da Morte afinal.
O negócio tá ficando bom. O final de A Marca de Atena nos deixa com o coração na mão, aos prantos, querendo estar morta tal qual a Lana del Rey. Minha sorte é que eu já tinha o volume emprestado (amém, biblioteca da Dô!). A gente sabe que se trata de um livro do Rick Riordan e que tudo vai acabar bem, mas pense na angústia de ver dois personagens que a gente ama caindo no Tártaro (não é spoiler, tá na capa do livro, né). Por conta disso, esse livro prometia ser o mais sombrio de todos, o mais intenso. Não decepcionou.
A história ficou dividida. Vemos agora os meio sangues que restaram continuando sua jornada por Roma, encontrando uns deuses cada vez mais pirados e uns monstros descontrolados. Junto aos semideuses da profecia está Nico Di Angelo, que depois de suas desventuras em Roma passou a fazer parte da tripulação do Argo II, cumprindo a promessa de levá-los até as Portas da Morte, na Grécia, onde esperarão pelos amigos do outro lado do Tártaro para fecharem as portas por onde os monstros de Gaia estão saindo. Enquanto isso, Percy e Annabeth passam por maus bocados no piso mais baixo do Mundo Inferior, lar dos monstros mais perigosos, das almas mais atormentadas, onde o próprio ar é venenoso e não há nenhuma esperança. Belo lugar para umas férias.
Como eu disse antes, é inegável que esse é um livro pesado, tenso e sombrio. As desventuras de Percy e Annabeth no coração do Mundo Inferior são intensas, muito difíceis e fazem a gente sofrer junto com eles. Às vezes rola um toque de humor, principalmente por parte de Percy, pra quebrar um pouco o clima sombrio, assim como o aparecimento de alguns personagens que trazem alguma leveza, mas o tom que predomina é o da desesperança, do desespero. Chega a ser sufocante em algumas passagens. Dá nervoso mesmo, parece não haver saída. Do lado da tripulação do Argo II, vemos mais uma vez uma onda de amadurecimento por parte dos jovens semideuses, coisa que havia estacionado no terceiro volume. Vemos Hazel se tornando uma poderosa feiticeira, Piper se revelando uma guerreira e Frank, ah, nosso sino-canadense favorito é responsável por pelo menos duas cenas incríveis nas quais ele se mostra um verdadeiro filho de Marte, um líder nato. Quanto a Jason, vemos uma vulnerabilidade no perfeito filho de Júpiter, o que é excelente; o vemos obrigado a fazer escolhas, o vemos dividido e isso é bom e também mostra amadurecimento. O mesmo acontece com Leo Valdez, que passa por uma experiência que o deixa mais sério e profundo. Até mesmo Nico precisa enfrentar seu verdadeiro eu, de forma bem dolorosa, o que também gera uma surpresa no leitor (um plot twist desse, bicho). Ao final do volume, ninguém mais é o mesmo.
A série só melhora, sem perder o ritmo nesse quarto volume e ainda com fôlego para o quinto e último. A mitologia grega e romana parece uma fonte inesgotável de inspiração para Riordan, pois a cada novo livro mais deuses, monstros e seres ainda mais interessantes aparecem, alguns dos quais você nunca ouviu falar. Os desfechos podem ser previsíveis, mas os caminhos até lá valem a pena. Mesmo que sejam dolorosos.
❤ Série Os Heróis do Olimpo ❤
A Casa de Hades
O Sangue do Olimpo
Minha classificação para esse livro é de ❤ 5/6- "Excelente".
A Casa de Hades - Os Heróis do Olimpo #4. Riordan, Rick. Editora Intrínseca, 2013, 496 p.