Em Todo Dia conhecemos o enigmático "A", um personagem enigmático que desde nasceu acorda em um corpo diferente todos os dias, não importando o lugar, o gênero ou a personalidade. No início, tudo era confuso, desde se adaptar a um novo corpo a ter que se adequar ao novo contexto, por isso, rapidamente, "A" entendeu que não poderia nunca interferir, nem se envolver demais na vida daquelas pessoas, suas decisões não eram as delas, afinal.
Foram dezesseis anos vivendo assim, até que um dia, ele acorda no corpo de Justin e conhece sua namorada, Rhiannon. Todas as suas prioridades mudam, a partir do momento em que se apaixona por Rhiannon e contra todas as regras do universo, "A" decide lutar por esse amor e vivê-lo. Juntos, dia após dia, "A" e Rhiannon tentam se reencontrar e questionar tudo em nome do amor.
Todo Diaé uma leitura irresistível e impossível de largar. Cada capítulo, guarda uma nova emoção, uma nova história a ser contada, um novo corpo habitado por apenas um dia por "A". A vida de "A"é complexa e solitária, habitar um novo corpo todos os dias sem nunca poder se envolver com outras pessoas, ter uma rotina normal é no mínimo complicado. Triste. Repleta de altos e baixos, já que nosso enigmático protagonista não possui o poder de decidir quem será o próximo hospedeiro, nem sua condição de vida. "A" pode dormir como uma patricinha comum e acordar no corpo de uma adolescente depressiva. Pode dormir no corpo de um jogador de futebol americano e acordar no corpo de um adolescente obeso. E vice-versa, num redemoinho sem fim, tentando lutar muitas vezes contra as necessidades viciadas daquele corpo que está habitando como ocorreu quando ele habitou um rapaz viciado em drogas.
É Rhiannon que lhe devolve o desejo de viver, de estar no mundo, de ser notado, de ter um objetivo. Mudar a rotina de seus hospedeiros para encontrar todos os dias Rhiannon tem consequências e até um grau elevado de perigo.
Eu me apaixonei por "A" desde o princípio e torci muito para que sua forma de viver fosse reversível, para que ele pudesse ter uma vida normal. Na história, ele não sabe explicar como tudo aconteceu, nem se existe outros seres como ele que precisa trocar de corpo todos os dias, simplesmente sabe que sempre trocou de corpos e que nem sempre foi fácil essa transição. A troca de corpos obedece um padrão: se "A" tem dezesseis anos, somente pode habitar corpos de adolescentes de dezesseis anos, não ir de um extremo a outro, obedece uma forma cronológica.
A história de David Levithan vai muito além de um romance adolescente impossível. Ao descrever a rotina de "A", vivendo em diferentes corpos todos os dias, independente do gênero, cor ou raça, percebemos que a percepção da adolescência é diferente para cada um e ao mesmo tempo igual. Todos os corpos pelo qual ele habitou, vivia um dilema diferente, típicos da adolescência como: o primeiro amor, contato com as drogas e bebidas alcoólicas, depressão, homossexualismo, riqueza, conflitos familiares, obesidade, mortes de entes queridos, acidentes fatais causados pelos próprios adolescentes até trabalho escravo, entre outras abordagens mais complexas. Quem disse que ser adolescente não era complicado?
David Levithan me despertou o desejo de ler os seus outros livros, inclusive, Will & Will que até então, não havia me despertado o interesse. Seu modo de abordar o amor em suas diferentes formas é simples e ao mesmo tempo deslumbrante, seja o amor entre um homem e uma mulher ou em um relacionamento homoafetivo.
É um livro para ler e sentir e se deixar apaixonar. Recomendado!
Minha classificação para esse livro é de ❤ 4/6 - "Muito Bom".
Veja a cotação do livro no SKOOB e a opinião de outros leitores.
Todo Dia. Levithan, David. Galera Record, 2013, 280 p.