A questão sobre Ronan Lynch, Adam havia descoberto, era que ele não gostava de - ou não conseguia - se expressar com palavras. Então cada emoção tinha de ser soletrada de alguma outra maneira. Um punho, um fogo, uma garrafa. (...) e ele precisava extravasar sozinho com seu corpo. Pela janela traseira, Adam viu Ronan pegar uma pedra no acostamento e jogá-la no mato.
Imagine aquele livro que vira deixa sua mente trabalhando por horas e dias a fio e que ao menos para você, é impossível correr com a leitura, pois você pode acabar perdendo o fio da meada, isto é, algo vital para o entendimento da história. Ladrões de Sonhos é exatamente desse jeito: intenso e arrebatador, equilibra momentos rotineiros onde não ocorre nada de tão significativo com descobertas mirabolantes e/ou de aventura de fazer o sangue correr.
Ouso dizer e isso não é novidade nenhuma que com certeza o melhor livro foi a história de Ronan. O próprio personagem em si guarda segredos e escuridão demais, despertando uma curiosidade enorme sobre seu passado, sobre o QUÊ ele é e QUEM ele é. A revelação do poder de Ronan nas páginas finais de Os Garotos Corvos já deixou a todos os leitores apavorados, ansiosos e extremamente surpresos. Particularmente, achei o poder dele muito original, assim como toda o próprio enredo da Saga dos Corvos.
SPOILERSà vista.
No livro anterior, eu senti muita falta de ação e aventuras, mas entendi que a saga precisava de uma introdução bem explicativa e que as suas teorias seriam válidas para o entendimento dos próximos livros. E ação não faltou nesse segundo livro! Cabeswater simplesmente some, desaparece, deixando Ronan, Adam, Gansey, Noah e Blue confusos e desesperados em busca de uma resposta e uma solução. Afinal, lá se encontra a resposta de tudo o que eles buscam, mas principalmente eles amam aquele lugar tão vivo e deslumbrante. Sem saber de qual ponto partir e enfrentando diversos conflitos - objetos que desaparecem, sonhos, pesadelos, Noah enfraquecido, perseguições de outro mundo e deste também que ameaçam a vida de todos -, entre outros contratempos, o grupo meio que se dispersa deixando-os cada vez mais vulneráveis. A entrada do Homem Cinzento foi essencial para a trama, adicionou mais e emoção e também suspense, pois ele busca um objeto chamado Greywaren - que tem o poder de tirar objetos ou seres de dentro dos sonhos -, e para conseguir o que deseja, ele é capaz de tudo, inclusive, matar.
Confesso que ainda não compreendi a participação de Adam na história, mas ele me dá medo. De todos os personagens, ele é o mais instável e o que eu menos confio. Até Ronan com toda sua agressividade e impulsividade não me causa tanta repulsa quanto Adam. Suas passagens sempre me deixam confusa. Gansen, Noah e Blue ficam mais apagadinhos nessa história, mas tiveram participações importantes em algumas passagens. E, claro, Ronan brilhou! Conhecemos todos os seus desejos, medos, vulnerabilidades, vimos em sua história sua alma pelo avesso. Descobrimos que o menino rebelde, esconde segredos até de si mesmo.
Mais uma vez, Maggie Stiefvater conseguiu me surpreender seja pela história original - a busca de garotos especiais por Glendower, um rei capaz de transformar seu maior desejo em realidade e também por saber conduzir com maestria o enrendo - passo a passo, avançando lentamente sim, mas nos fazendo compreender o percusso. Mais do que tudo, essa mulher sabe nos deixar roendo as unhas e indignadas com o final tão, tão - ops!, e agora? O que vai acontecer? Cadê o próximo livro? Se você não leu, pare tudo! Vá ler agora mesmo!
Minha classificação para esse livro é de ❤ 4/6- "Muito Bom".
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Ladrões de Sonhos. Stiefvater, Maggie. Editora Verus, 2014, 434 p.
