Eu era uma chaleira que apitaria cedo ou tarde. Seria bom que alguém abrandasse o fogo. (Pág 23)
Com uma narrativa em primeira pessoa, em A garota que tinha medo, conhecemos Marina, uma jovem de vinte e cinco anos que contará sobre a sua vida. A jovem descobriu ter Síndrome do Pânico quando tinha apenas dezoito anos. Na época que seus ataques começaram, Marina estava em um período de estudos intensos para o vestibular, e por conta de tanta pressão, principalmente por sua mãe querer que ela passasse em seis faculdades diferentes, a garota acaba desenvolvendo este problema. Ela sempre teve uma vida normal e até mesmo um namorado, que abandonou-a logo que suas crises começaram.
A trama é dividida em seis partes, e além de contar sobre como a Marina descobriu a doença, como ela passou a se aceitar desta forma e como conseguiu se curar, mostra também o outro lado da moeda. Mostra as atitudes das pessoas que convivem com quem é panicoso e nos faz perceber o quanto algumas pessoas podem ser leigas no assunto ao ponto de pensar que esta doença é apenas uma "frescura". O autor narra as crises da Marina de forma tão descritiva que até parece que ele mesmo viveu tudo aquilo. Não é difícil entrar na mente da personagem e perceber como exatamente é uma crise assim.
Conheci este livro através de um blog que sigo. Li a resenha dele e fiquei bem curiosa para lê-lo, pois acho interessante livros que falam sobre doença, mas, ao mesmo tempo em que fiquei curiosa, fiquei com receio, pois pensei que fosse encontrar uma trama bem mais técnica do que realmente é. O autor conseguiu escrever uma história ótima. A leitura se torna fluida, e quando você percebe já está torcendo para que a garota encontre o tratamento e que melhore logo.
Apesar de todos os fatos relatados serem fictícios, Breno conseguiu me encantar e me fez aprender com a personagem. Acabei me encantando pela leitura, adorei acompanhar Marina desde o começo da sua doença até o final de seu tratamento e sua tentativa em voltar a ter uma vida normal. Aprendi muito com esta leitura, já que eu conhecia pouco sobre a Síndrome do Pânico. Recomendo A Garota que tinha Medo, principalmente para quem pensa que Síndrome do Pânico não passa de uma frescura.
Aconselho também que este não é um livro para se devorar em poucas horas. É uma obra para ser lida com calma e de mente aberta, mas a escrita do autor é tão boa que você irá iniciar a leitura e saber logo como será o final dele.
Eu, por exemplo, posso ser feliz apesar da síndrome do pânico (porque este é o mundo palpável em que vivo), mas negar a síndrome para ser feliz me levaria a um mundo ideal, onde não vivo. (Pág 213)
Minha classificação para esse livro é de ❤ 4/6- "Muito Bom".
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A garota que tinha medo. Melo, Breno. Chiado, 2014, 280 p.