Antes de mais nada quero dizer que resenhar Alif foi uma tarefa muito difícil. Primeiro porque é um livro recheado de informações subliminares que mescla fantasia, realidade e tecnologia. Segundo porque exige do leitor um conhecimento básico de como funciona o Oriente Médio e o que foi a Primavera Árabe, já que a história de Alif acontece bem no meio dessa revolução.
Na trama conhecemos o jovem Alif que é um hacker, envolvido em diversas transações de roubo de informações confidenciais do governo. Seus clientes tanto lhes pagam para roubar informações quanto para proteger seus computadores da Mão, órgão do governo que investiga todas as informações que podem levar o país a uma revolução, censurando e prendendo os envolvidos. Se a Mão conseguir prender Alif e seus clientes, tudo pelo qual eles trabalharam estaria perdido, inclusive, suas famílias e amigos seriam ameaçados. A partir daí que começa uma aventura entre mundos distintos - o real e o fantástico -, onde um tenta suprimir e apagar a existência do outro, que sobrevive a margem. Quando Intisar, a garota que Alif ama mais do que qualquer outra coisa, pede para que ele proteja um livro antigo chamado de Alf Yeom, imediatamente ele não compreende, mas se vê obrigado a buscar informações com um homem chamado Vikran, o vampiro. Mito? Ou verdade? Será ele um vampiro? O que existirá no mundo que os olhos humanos não conseguem ver? Quando a rede cai e a polícia vem em seu encalço, Alif sabe que precisa salvar a própria pelo custe o custar e a todos a quem ele ama.
A história de G. Willow Wilson é bem complexa e construída magnificamente. O ritmo é bastante envolvente ora lento ora rápido, mas sempre mantendo um clima de suspense e tensão. Admito que fiquei bem entediada nas descrições sobre as conspirações virtuais e codificadores que eu não entendia nada, mas quando a magia entrou na história, fiquei mais envolvida. Uma das coisas que me chamou atenção foi que Alif é um jovem de apenas 14/15 anos, mas que age como um homem, tanto por ser um hacker quanto por querer se comprometer ao casamento com sua namorado Intisar. Ainda que o personagem central seja Alif, apreciei bastante Dina, sua melhor amiga muçulmana que renuncia a tudo para ajudá-lo a fugir e desvendar os mistérios, mesmo que tudo vá contra suas crenças.
Ainda a autora aborda a diferença entre as culturas ocidental e oriental e as outras etnias que coabitam no mesmo país e que se desprezam ou odeiam mutuamente. Também nos convida a refletir sobre a censura extrema nos países orientais, onde o livre arbítrio e a liberdade de expressão são oprimidas. Você é e você pensa aquilo que o governo quer. Ser contra o governo significa que você é um inimigo do Estado e também da religião Islâmica que andam lado a lado.
G. Willow Wilson construiu uma história rica e inteligente que requer um pouco de conhecimento e paciência, mas que no final nos encanta com sua criatividade e talento.
Minha classificação para esse livro é de ❤ 4/6- "Muito Bom".
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Alif, o invisível. Wilson, Willow. G. Editora Rocco, 2015, 352 p.