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"Não se apega, não" de Isabela Freitas

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O desapego não é indiferença, covardia ou desinteresse. O desapego é se libertar de tudo aquilo que faz mal e causa sofrimento. Desapegar é sinônimo de se libertar. Soltar as algemas. Colocas as asas. Se permitir voar novamente. O desapego é aceitação, é o desprendimento. (Pág. 221)

Quem me conhece sabe que dos gêneros literários os que eu menos aprecio são as biografias e auto-ajuda, então quando a Intrínseca anunciou o lançamento de "Não se apega, não", confesso que não me interessou a princípio. Um dia eu estava na Livraria Leitura namorando os livros, quando me deparei com o livro da Isabela Freitas e comecei a folheá-lo e a ler alguns trechos. Não é que eu gostei? Não sei se o motivo foi porque eu estava recentemente separada do meu marido e precisava urgentemente de uma injeção de ânimo e mais do que isso de motivos para me manter afastada (relacionamento de 13 anos, namorei-o desde os 14 anos, já viu, né? Apegada nível master!), eu resolvi solicitar o livro à Intrínseca. Qual não foi a minha surpresa quando descobri que o livro não se tratava apenas de conselhos, um manual / receitas como geralmente são os auto-ajudas, mas possuía uma história, casos para exemplificar que devemos sempre nos desapegar de tudo o que nos faz mal, que nos puxa para trás, independente de ser um relacionamento amoroso, uma amizade, um objeto, etc. Vamos a um breve definição do que significa desapegar: "Remover da sua vida tudo que torne o seu coração mais pesado." E completa: "Loucos são os que mantêm relacionamentos ruins por medo da solidão."

Isabela Freitas mistura passagens de sua vida e também se inspira com as histórias contadas por suas amigas e leitoras do seu blog. Novinha com apenas 22 anos, eu me impressionei com a sua idade, pois os conselhos que ela dá no livro, aparenta ter sido dado por uma mulher bem mais vivida, amadurecida. Se a princípio fiquei desconfiada com sua idade, tomei completa confiança no final da leitura. 

Entre conselhos e histórias, Isabela conta passagens da infância, dos seus inúmeros namoros, do último relacionamento, traição de namorados e amigas, de como é doloroso quando perdemos um amigo querido, enfim, coisas da vida que tanto eu, você, sua irmã, suas amigas podem ter ou estão passando, por isso a identificação é quase imediata.

Sarcástica, romântica, idealista, mas também feminista, a autora deixa claro que para sermos completas não precisamos da tal outra metade da laranja. Ela ainda reitera: "Calma lá, amigo. Eu nem gosto de laranjas." E que para sermos realmente felizes com alguém, temos que aprender antes a sermos felizes sozinhas. Aliás, é muito comum criarmos altas expectativas sobre outra pessoa e transferirmos a responsabilidade da nossa felicidade para o parceiro. Quando nos frustamos e nos damos conta de que é impossível ser feliz, delegando a nossa felicidade a outra pessoa, BUM! Caímos do balanço, sofremos, choramos e AMADURECEMOS! 

Pessoas não são laranjas pela metade, muito menos panelas sem tampa. São pessoas, 100%, ou, pelo menos (tirando aqueles pedaços do coração que podem ter ficado espalhados por aí), somos 99%. De carne, osso e sentimentos. Mais sentimentos do que tudo. E precisamos aprender a amar esse emaranhado de sentimentos, pensamentos e inseguranças que somos. É difícil, claro que é. Até porque não existe nada mais complicado do que amar alguém que você conhece por inteiro, conhece todos os pensamentos, defeitos, manias e passado. Olhar para si mesmo é algo insuportável! (Pág. 75)

Se tem uma coisa que aprendi nesse livro, é que às vezes tudo o que precisamos é de um tempo para nós mesmas, para nos redescobrirmos sem a influência de um parceiro. Super me identifiquei em diversas passagens quando Isabela dizia ter ficado sem chão, quando terminou o relacionamento e que sentia falta de ligar ou contar para uma pessoa especial como foi seu dia, fazer planos, ir ao cinema, jantarzinho, enfim, coisas que um casal faz e que quando ficamos solteiras nos faz sentir ocas, mas ao mesmo tempo com um sentimento delicioso de liberdade. Eu sei, eu sei, é contraditório. Mas é realidade, ora estamos tristes por nos termos mais com quem dividir um sorvete, ora estamos elétricas com a possibilidade de que estamos livres, uhuuu! Ahahahahaha!

 Como vocês podem ver eu destaquei diversas passagens do livro e sei que em breve irei começar a relê-los aos poucos. Desapegar não é fácil, não. É preciso prática. Ah, desapegar não significa também que você deixou de gostar daquela pessoa, mas sim que você abre mão de tudo o que te fazia mal e que por mais que dentro de você ainda tenha um resquício de esperança, um desejo de voltar, você não quer que seja naqueles termos que claramente não deram certo. Essa é a conclusão da Nique que vos fala. Se eu recomendo? Óbvio que sim! E mais: mulheres de todas as idades deveriam ler! 

>>> Leia a entrevista que a Isabela Freitas deu a Intrínseca. AQUI.



Minha classificação para esse livro é de  4/6- "Muito Bom".
Veja a cotação do livro no SKOOB e a opinião de outros leitores.

Não se apega, não. Freitas, Isabela. Intrínseca, 2014, 256 p.



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